quinta-feira, 27 de maio de 2010

Alguns possíveis efeitos da automedicação

A simples ingestão de medicamentos pode desencadear reações desagradáveis chamadas reações adversas, que são respostas do organismo à substância ingerida e que se torna potencialmente maior quando há prática de automedicação. Estas reações são mais frequentes quando a pessoa não se contenta em tomar um só comprimido, consumindo vários ao mesmo tempo e aumentando o risco de intoxicações (agravo à saúde) que podem diminuir, aumentar ou modificar a ação de um medicamento.

A receita médica exigida pela maioria dos medicamentos tem razão para existir. Ao se automedicar, o doente quase sempre complica ainda mais o seu problema de saúde. Um bom exemplo são os antibióticos, utilizados para combater infecções por bactérias e fungos. Não existe antibiótico que sirva para tudo. As drogas desta categoria são específicas para cada microorganismo e exigem regimes medicamentosos diferentes.

Quando o paciente se automedica com um antibiótico, em quase todas as vezes acaba tomando um remédio que não serve para o seu caso. Por exemplo, os vírus – que são a mais freqüente causa de infecção das vias aéreas superiores, inclusive das famosas gripes – não são atingidos por nenhum antibiótico. Ao tomar antibiótico para combater uma infecção viral, o doente apenas facilita o surgimento de infecções mais graves.

O pior é que mesmo nos casos em que o paciente irresponsável acerta o antibiótico, ele erra na dose. Além disso, esses remédios têm que ser tomados pelo período de tempo determinado pelo médico. Seguir a bula não é suficiente. Caso o tratamento seja interrompido antes do tempo, existe uma grande possibilidade de surgir uma “super-bactéria”, que após ter perdido a primeira batalha para o antibiótico, volta mais forte e com desejo de vingança. Estas infecções são então chamadas de “resistentes” e o seu tratamento é sempre difícil e quase sempre exige hospitalização.

Entretanto, não são apenas os antibióticos que representam o problema. Existem pessoas com doenças crónicas que ficam utilizando aquela mesma receita de anos atrás. Doenças como diabetes, hipertensão, hiper e hipo-tireoidismo, alergias, artrite, doenças mentais, entre outras, necessitam de avaliação constante do médico, que adapta o tratamento de acordo com a evolução da doença.

A automedicação pode mascarar diagnósticos na fase inicial da doença. Exemplo marcante é no diagnóstico de apendicite aguda. O doente inicia com um quadro frusto, se automedica com antibióticos. Como conseqüência, a apendicite aguda em fase inicial, que se resolveria com uma apendicectomia tecnicamente fácil, pode evoluir para um quadro de peritonite grave com consequências às vezes funestas.

Do mesmo modo, neoplasias gástricas e intestinais podem ter diagnósticos mascarados e retardados pela melhora de sintomas promovida por bloqueadores de bomba de próton ou outros medicamentos que agem no tubo digestivo.

Outro exemplo relevante é o tratamento inadequado de alguma Doença Sexualmente Transmissível (DST) que pode levar a uma melhora (que parece cura) e o paciente continua a contaminar seus parceiros(as). Mesmo se o medicamento ministrado estiver sido correto, caso o parceiro (a) também não se submeta a um tratamento, volta a contaminar o paciente, mantendo o problema de forma indefinida. É essencial uma orientação adequada para o tratamento precoce dos parceiros, através de exames de rotina para identificação e tratamento.

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